Gestão, Recrutamento

A fase das super exigências: quando o problema começa já no anúncio das vagas de emprego

 

Na Cingo temos por costume trabalhar em nosso Blog somente com conteúdos próprios, porém quando nos deparamos com um conteúdo relevante para nosso público-alvo é nossa responsabilidade dividir com nossos leitores que são tão engajados.

Nos dias atuais é cada vez mais comum ter um nível de exigência exacerbada para com o candidato sem existir uma contrapartida ou via de duas mãos condizente.

Existem momentos de aposta e capacitação, assim como existem momentos que é preciso contar com um colaborador mais pronto, com uma maior senioridade e para isso é necessário investir um pouco mais. Sem mais delongas confiram esse excelente texto do amigo Cleverson Siewert

 

Tem vaga aberta e é para uma função estratégica dentro da empresa. Mas é voltada a um profissional júnior. Com experiência. Com inglês fluente. Disposto a receber R$ 1,5 mil de salário. E ser contratado como pessoa jurídica.

A descontextualização dos anúncios de emprego virou uma realidade bem mais frequente do que se imagina. Volta e meia, aparece alguém debatendo sobre isso no Linkedin – inclusive, sem meias palavras. Citam nomes, contam experiências negativas e expõem toda a realidade pela qual passaram. Acabam, em poucas linhas, com uma reputação duramente construída pela empresa. Um soco no estômago do RH. Mas nada que eles já não estivessem esperando. Ou que não fossem ingênuos de não esperar.

As super exigências vêm afastando os bons profissionais das vagas e deixando um rastro de descrença nas equipes de contratação. Cada vez mais, as empresas querem pessoas que acreditam no propósito corporativo, abracem a causa, vistam a camisa. Mas não querem pagar por isso. Também sequer querem treiná-las. Ou sequer estão maduras para esse processo de formação.

Como resposta, a tendência é flexibilizar. Fazer a pessoa (qualquer pessoa) caber naquela vaga porque não há outro caminho. O profissional que se apresenta pode até estar abaixo da qualificação necessária, mas acaba aceito porque é o mais próximo daquilo que a empresa está disposta a pagar.

Se a quantidade de exigências por qualificação e skills aumentou substancialmente, o salário não acompanhou isso. É um dilema atual, o verdadeiro caos. Uma mistura do desejo por bons profissionais com uma certa resistência em investir dinheiro naquilo que se quer. E o resultado disso parece ser a tenteada. Uma espécie de “vai que cola”.

A maioria não pondera as consequências. A maioria sequer parece refletir naquilo que vem depois. O foco está só no processo em si e na economia daquele ato. Mas um ato que não está isolado do mundo. Um ato que vai fazer parte da operação da empresa. Entrar no ritmo das metas. E refletir nos resultados.

Num primeiro momento, pode até parecer a receita perfeita: alguém júnior para fazer o que alguém sênior, muito mais caro, também faria. Mas o que parece ser uma grande vantagem também pode se mostrar um grande desastre. Uma alternativa barata que serviu apenas para tapar o sol com a peneira.

Porque entre o profissional que a empresa precisa e o profissional que entra, de fora ou promovido sem o treinamento adequado, muitas vezes existe uma distância monumental. Ele não vai produzir o que se espera, nem performar como alguém mais preparado. Ele também não vai se encaixar, vai sentir a pressão e vai se sobrecarregar. E a empresa vai continuar sem ter em casa aquilo que ela precisa. Não dá para fazer um upgrade de experiência, qualificação e conhecimento só com uma canetada. Não existe mágica.

Não existe almoço grátis.

Contratar um bom profissional, com uma boa experiência, custa caro. A outra opção, de investir na formação dele, pode até parecer mais barata. Mas há um custo invisível e considerável embutido com ela. De dinheiro, tempo, erro, retrabalho. E de uma produtividade que só vai chegar com o tempo – sem garantia nenhuma. Na prática, é um investimento que vai demorar a se pagar e que exige método adequado.

Por isso, é preciso atenção aqui.

O que importa é não se desconectar da realidade. Saber equilibrar os pratos e pesar as consequências. Entender que se quiser pagar pouco, a empresa terá, no máximo, um bom júnior. Ou um bom estagiário. As pessoas precisam trabalhar, mas elas não precisam mendigar. E, por isso, não vão se submeter a qualquer coisa. Vão é responder na mesma moeda.

Qual desses preços a empresa está mais disposta a pagar?

Agradecemos imensamente ao Cleverson Siewert CEO do Grupo Ascensus, que gentilmente permitiu que pudéssemos compartilhar esse rico conteúdo em nossas redes de comunicação.