Nos últimos anos, o conceito de posto de trabalho mudou de forma drástica. O home office e o modelo híbrido, que antes eram opções para um número restrito de profissionais, se tornaram as grandes estrelas do universo corporativo. A pandemia de COVID-19 foi o ponto de virada para o home office quando as empresas foram forçadas a se adaptar rapidamente a uma realidade de distanciamento social. Mas, ao contrário do que muitos imaginavam, esse “novo normal” não desapareceu quando as restrições foram levantadas. Pelo contrário, o trabalho híbrido e o home office chegaram para transformar o mercado de trabalho de forma irreversível.
Sabemos que ainda há bastante a evoluir sobre como equilibrar produtividade, comunicação natural, bem-estar e interação entre equipes, mas os benefícios são inegáveis, como a flexibilidade, a economia com espaços físicos e a possibilidade de contratação de forma global. O que se espera é que, em um curto espaço de tempo, a combinação entre tecnologia, saúde mental e um modelo de trabalho híbrido consolidado alavanque a empresa para uma nova era de produtividade e retenção de talentos.
O papel do RH e das lideranças se torna crucial nesse processo, pois além das vantagens, o modelo de trabalho remoto também apresenta desafios significativos. Se faz necessário realizar adaptações em processos como recrutamento, avaliação de desempenho, feedback e plano de carreira, por exemplo, de forma a preservar a cultura organizacional e garantir que as pessoas se sintam engajadas e bem direcionadas.
Recrutamento: encontrar talentos para o modelo híbrido
Os perfis comportamentais e competências individuais exigidos estão em transição, se tornando um novo desafio em relação aos processos seletivos. Agora, é preciso buscar profissionais que não só possuam as habilidades técnicas para o cargo, mas também a disciplina e a autonomia necessárias para trabalhar de forma remota.
A seleção de candidatos precisa ser mais robusta, incluindo a avaliação do perfil comportamental, entrevistas mais detalhadas, testes de habilidades específicas e até a avaliação de alinhamento cultural dos candidatos devido a diversidade geográfica.
Avaliação de Desempenho: medir a produtividade no modelo híbrido
Outro grande desafio das empresas no modelo híbrido está na avaliação de desempenho. No modelo híbrido, com os colaboradores alternando entre casa e o escritório, as métricas precisam ser revistas. Os tradicionais métodos de avaliação “visuais”, “presença” e “horas trabalhadas” ficam obsoletas.
O RH precisa ajudar as lideranças a definirem indicadores de desempenho claramente mensuráveis, como a entrega de projetos, qualidade de trabalho e atingimento de metas individuais e coletivas. Porém, a chave para um bom desempenho no modelo híbrido é o alinhamento de expectativas. Para isto é essencial que estes indicadores estejam divulgados e sendo acompanhados, afinal se o colaborador sabe o que se espera dele, é mais provável que entregue os resultados esperados, independentemente de onde esteja trabalhando.
Feedback: manter a comunicação fluída e eficiente
O feedback também enfrenta novos desafios com o trabalho híbrido. No escritório, as interações eram espontâneas, com líderes dando feedback de forma informal, muitas vezes no meio de uma conversa ou após uma reunião. No modelo híbrido, essa informalidade desaparece, o que pode gerar a sensação de que o feedback está mais distante ou menos frequente. Para os colaboradores, especialmente os que trabalham remotamente, a ausência de feedback constante pode gerar insegurança e desmotivação.
A prática de feedback se torna assim ainda mais importante no modelo híbrido, e deve ser realizada de forma regular, clara, objetiva e personalizada. Além disso, é essencial que o feedback seja bidirecional: os gestores também precisam estar abertos a ouvir as preocupações e sugestões dos colaboradores sobre o processo de trabalho remoto e híbrido.
Plano de Carreira: garantir o crescimento profissional no híbrido
Um dos maiores desafios do trabalho híbrido está em garantir que o plano de carreira dos colaboradores seja mantido, independente de onde eles estejam trabalhando, se tornando assim essencial que o RH e as lideranças reforcem que o crescimento e a progressão na carreira devem ser avaliados de acordo com o desempenho e as contribuições do colaborador, e não com a quantidade de tempo que ele passa no escritório.
A gestão de carreiras híbridas então deve ser mais próxima e personalizada, onde os líderes devem acompanhar de perto as aspirações e os desafios individuais de cada membro da equipe, ajustando os planos de desenvolvimento de acordo com suas necessidades específicas, seja em termos de habilidades técnicas ou comportamentais.
Cultura Corporativa: manter a sintonia no modelo híbrido
O modelo híbrido também traz implicações profundas na cultura corporativa. Em um ambiente presencial, a cultura é cultivada de maneira natural, através da convivência diária e das interações informais. No modelo híbrido, isso precisa ser feito de forma mais intencional e constante.
O time de RH deve atuar fortemente na criação de políticas claras para o trabalho híbrido, a implementação de tecnologias de comunicação eficazes e a capacitação dos gestores para lidar com a nova realidade. Programas de integração remota, eventos virtuais de engajamento e estratégias para manter a inclusão de todos os colaboradores, independentemente de onde trabalhem, são ações cruciais nesse processo.
As lideranças, por outro lado, precisam ser mentores e facilitadores da colaboração. Isso exige habilidades aprimoradas de comunicação, empatia e capacidade de gestão à distância. Liderar uma equipe híbrida requer flexibilidade, mas também disciplina e foco. Os líderes devem estabelecer um equilíbrio entre autonomia e responsabilidade, garantindo que todos estejam aptos a desempenhar suas funções de maneira eficaz, sem perder a conexão com a equipe.
Comece 2025 encarando de frente esse desafio!!!
Para garantir o sucesso, é essencial que o RH e as lideranças desempenhem papéis ativos na gestão dessa transição, com foco em resultados, comunicação eficiente e a manutenção de uma cultura organizacional forte. Embora o trabalho híbrido apresente desafios, ele também oferece uma grande oportunidade para as empresas evoluírem e inovarem na forma como lidam com suas equipes, promovendo mais autonomia, equilíbrio, crescimento e resultados sustentáveis a longo prazo.